Mais concretamente, desta vez está em causa a discussão da ação judicial movida pela Nintendo contra a Pocketpair, a empresa responsável pelo desenvolvimento do jogo Palworld frequentemente designado como “Pokémon com armas”, que combina mecânicas de captura de criaturas, exploração e combate, sendo amplamente comparado à franquia de jogos Pokémon.

Nesta ação que deu entrada no Tribunal Distrital de Tóquio destaca-se um pormenor relevante do ponto de vista jurídico: a Nintendo baseia a sua ação na violação de patentes detidas pela empresa.

A Nintendo alega que as mecânicas de captura, treino e combate de criaturas utilizadas pela Poketpair infringem patentes específicas relacionadas à série Pokémon, consideradas essenciais para o sucesso da franquia.

Embora muitos apontem semelhanças visuais entre as criaturas de Palworld e os Pokémon, a estratégia da Nintendo alicerça-se sob os seguintes fundamentos:

  1. A Pocketpair poderia argumentar que os desenhos utilizados são distintos e que as semelhanças resultam de inspirações comuns no género e não de uma cópia direta aos designs da Pokémon o que, em caso de insucesso da ação, poderia pôr em causa a proteção dos designs utilizados pela Pokémon;
  2. Ao longo das últimas décadas, foram criados diversas séries e jogos com forte inspiração na franquia da Nintendo, sem que tenham originado qualquer disputa judicial;
  3. O extenso portfólio de patentes registadas pela Nintendo oferece maior robustez jurídica, independentemente dos elementos visuais apresentados;
  4. A análise de patentes oferece uma maior certeza na apreciação e perceção dos elementos em discussão, ao contrário da avaliação sobre apreciação estética, originalidade e criatividade.

Independentemente da polémica e dos diversos entendimentos em torno da discussão, a Nintendo reforça, com este processo, a premência do registo das patentes associadas às mecânicas dos videojogos.

No entanto, caso a Nintendo perca a ação, haverá certamente haverá um novo precedente na ampliação da concorrência num dos mercados mais lucrativos da indústria de entretenimento.

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João Valadas Coriel | António Vieira